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Transtorno Bipolar

  • Foto do escritor: Nicolle Ruedas
    Nicolle Ruedas
  • 18 de set. de 2024
  • 5 min de leitura

O que é o transtorno bipolar?


É um transtorno relativamente prevalente, sério, que pode trazer muitos prejuízos porém que apresenta tratamento. Costuma aparecer antes dos 25 anos (porém pode ser mais cedo ou mais tarde na vida) e tem uma alta herdabilidade - ou seja, é comum uma história familiar positiva, onde há mais pessoas com a mesma condição.

Ele se apresenta em fases, ou seja, a pessoa vai apresentar altos e baixos intensos (conhecidos como episódios de hipomania, mania e depressão), mas também irão passar grande parte de suas vidas se sentindo bem, quando tratadas adequadamente.

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Mas o que é mania e depressão?


Durante um episódio de mania, a pessoa pode:

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  • Apresentar humor eufórico ou excessivamente alegre (como se estivesse "no topo do mundo"), ou então estar muito irritada e agressiva;

  • Apresentar uma redução importante da necessidade de sono (precisa dormir muito menos que o habitual, se sentindo com muita energia para fazer as coisas mesmo assim);

  • Estar agitada ou muito ativa (como começar muitas coisas novas ao mesmo tempo);

  • Se distrair muito facilmente;

  • Falar em excesso (muito mais do que o normal, às vezes fica difícil até de interromper o que a pessoa está falando);

  • Apresentar aumento de auto-estima (a pessoa se sente muito bem, "poderosa", como se conseguisse fazer qualquer coisa que tentasse, às vezes se sente melhor do que os outros, mais inteligente, mais esperta...);

  • Ter muitos pensamentos e falar muito rápido (chega a perder a linha de raciocínio, sente que as ideias se perdem ou estão escapando, quem vê de fora pode ter dificuldade de acompanhar o que está sendo falado);

  • Se expor a atividades de risco ou "perigosas" (gastar muito mais do que pode com coisas que não precisa, fazer empréstimos, realizar investimentos insensatos, apresentar aumento de libido e se expor a situações sexuais perigosas - não usar preservativos, múltiplos parceiros novos, usar substâncias, dirigir de maneira perigosa);

  • Apresentar prejuízo no seu funcionamento (seja socialmente, no seu trabalho, em família);

  • Algumas pessoas podem apresentar ainda o que chamamos de sintomas psicóticos (como por exemplo acreditar em coisas que não são verdade).


Durante um episódio depressivo, a pessoa pode:

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  • Se sentir triste ou deprimida a maior parte do tempo;

  • Não sentir prazer ou ter interesse em atividades;

  • Ganhar ou perder peso sem ter intenção;

  • Dormir muito ou perder o sono;

  • Sentir como se estivesse sem energia;

  • Se sentir lentificado para se mexer ou nos pensamentos;

  • Se sentir inútil ou com muita culpa;

  • Não ser capaz de se concentrar;

  • Ter pensamentos de morte ou suicídio;

  • Apresentar prejuízos no seu funcionamento.




De maneira resumida:

MANIA: Um estado "elevado", onde a pessoa pode ter muita energia. Às vezes, as pessoas se sentem extremamente felizes na fase maníaca, mas podem se sentir irritadas ou agressivas. Há um prejuízo importante na maneira de funcionar do indivíduo.

HIPOMANIA: Um estado elevado durante o qual os sintomas são menos intensos, e muitas pessoas conseguem manter seu nível de funcionamento razoavelmente bem. Porém, é uma mudança clara no funcionamento da pessoa, que não é característica do seu jeito habitual, e é perceptível por outras pessoas.

DEPRESSÃO: Um estado "baixo", onde a pessoa pode se sentir extremamente triste, sem valor, culpada e/ou ter muito pouca energia.

EUTIMIA: Um período livre de sintomas de mania/hipomania ou depressão.


Algumas pessoas ainda podem apresentar o que são chamados de "Estados Mistos", onde sintomas de mania e de depressão podem aparecer ao mesmo tempo. Por exemplo, a pessoa em um episódio depressivo misto pode ter pensamentos acelerados, necessidade reduzida de sono e níveis de atividade aumentados, além de sintomas de depressão.


A figura abaixo ilustra possíveis cursos dos transtornos tipo I e II. É importante notar também que está dentro da normalidade apresentarmos momentos nos quais nos sentimos mais tristes ou mais felizes, sem que isso indique necessariamente um episódio depressivo ou de hipomania.


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Traduzido de Patient and Family Guide to the CANMAT and ISBD Guidelines on the Management of Bipolar Disorder

E como é feito o diagnóstico?


Para que a pessoa tenha o diagnóstico de transtorno bipolar, ela deve ter apresentado ao longo de sua vida ao menos 1 episódio de hipomania ou 1 episódio de mania. Mesmo que a pessoa apresente em sua maioria episódios depressivos, ter apresentado apenas 1 episódio de mania ou hipomania já é o suficiente para que o diagnóstico seja dado.

O transtorno bipolar é ainda dividido em dois subtipos, o tipo 1, onde a pessoa apresentou ao menos 1 episódio de mania ao longo da vida, e o tipo 2, onde apresentou ao menos 1 episódio de hipomania ao longo da vida.

O diagnóstico pode ser difícil pois muitas vezes ao procurar um psiquiatra a pessoa não está em um episódio de aumento de energia, e pode ser difícil se recordar destes episódios. Além do que a pessoa quando está em hipomania ou em mania pode não apresentar o que chamamos de "crítica" da condição - ou seja, ela não consegue perceber que está fora do seu habitual e que há algo de errado.

Nem sempre o diagnóstico de transtorno bipolar será dado na primeira consulta, porém em alguns casos com sintomas prévios muito bem estabelecidos pode acontecer. Isso porque o tratamento adequado poderá minimizar prejuízos futuros ou atuais, e um atraso no diagnóstico e tratamento pode ser prejudicial.


Porque o tratamento medicamentoso é importante?


O transtorno bipolar é uma condição duradoura, que exige um gerenciamento ao longo da vida. Claro que a psicoterapia é nossa aliada, mas o uso de medicações é a base para que tenhamos sucesso no tratamento. O objetivo sempre vai ser atingir a eutimia (períodos de estabilidade) e evitar que ocorram recaídas. Infelizmente, sem o uso dos medicamentos há uma maior chance de episódios de humor, e cada vez que a pessoa apresenta um episódio (tanto "para cima" quanto "para baixo") há um aumento no risco de novos episódios, deles serem mais duradouros, mais graves e com maior dificuldade para serem controlados. Além é claro de todo o prejuízo que estar em uma dessas fases traz para a vida da pessoa.


E agora?


O diagnóstico de transtorno bipolar, apesar de todas suas implicações, não significa o final de sua vida. Com acompanhamento e tratamento adequados o objetivo é lhe ajudar a retornar a um estado normal de humor e funcionamento o mais brevemente possível. Se você se identificou com esse texto, converse com seu psiquiatra. Nada exclui uma avaliação bem feita por um profissional capacitado. Procure ajuda!



Publicação de caráter informativo - não exclui a necessidade de avaliação por um profissional



REFERÊNCIAS:

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 5a Edição

Tratado de Psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria

Patient and Family Guide to the CANMAT and ISBD Guidelines on the Management of Bipolar Disorder

UpToDate




 
 
 

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